Apesar da obra de Márcio Pannunzio ter corrido o mundo conquistanto importantes prêmios internacionais, entre nós, ela é pouco conhecida. Pannunzio vive, literalmente, ilhado. Não visita galerias comerciais. Não assedia marchands. Não corteja curadores. Não participa de qualquer lobby no mercado de arte ou na mídia resenhista e subserviente. 

Elegeu a gravura, infelizmente tão vilipendiada no cenário artístico brasileiro, como meio de expressão preferencial. E, abraçou como seus temas, temas fortes e perturbadores, nada afeitos ao bom gosto massificado e consumista. Seu trabalho não se entrega fácil à primeira mirada; é impactante e sempre, ferinamente, crítico. Evidentemente, não foi feito para agradar a todos os paladares. Mas agrada a muitos, especialmente àqueles receptivos ao desafio do exercício do olhar paciente e reflexivo.

Foi conversando com uma curadora que admira a sua produção, que Márcio Pannunzio ouviu a sugestão de lancá-la nas redes sociais, objetivando atingir um público maior. Pois então, ei-la aqui. Diretamente da fonte criadora, sem intermediários que possam embaraçar o seu trânsito. Ao alcance de uns poucos cliques de mouse ou do toque do próprio dedo indicador. Está agora flutuando veloz num lugar que é nenhum; mas à mão de quem dela gostar e a quiser possuir. Quase ao preço de um jantar fora ou, mesmo, de um cinema de shopping regado a coca e pipoca. Acessível a toda gente. A gravura de boa e honesta índole assim deveria se portar: palatável para todos os bolsos, sem dilapidar os modestos. Contra a elitização da arte. A favor da sua democratização.